quarta-feira, 8 de junho de 2011

Novo Código Florestal e a falsa dicotomia

Um dos principais argumentos em defesa do novo código florestal reproduz a velha tendência de reduzir os fatos a dicotomias. Uma coisa é branca ou é preta, se você não está comigo, então está com meus inimigos. Tratando do meio ambiente, os defensores do código estabeleceram uma lógica que procura estabelecer uma relação de incompatibilidade e extrema exclusão. Segundo essa lógica ou se cultiva ou se preserva o meio ambiente. Consequentemente ,segundo a visão do agronegócio, essa coisa de preservação do meio ambiente é um entrave ao desenvolvimento do país. O Brasil precisa exportar mais produtos agrículas. O que acontece é que podemos sim manter o equilíbrio e a harmonia entre biomas ecológicos e biomas produtivos.

Para os estudiosos do assunto, "Os maiores entraves para a produção de alimentos no Brasil não se devem às restrições impostas pelo Código mas sim a fatores como desigualdade na distribuição de terras, restrição ao crédito, falta de assistência técnica, investimentos em infraestrutura e pesquisas voltadas para a segurança alimentar do país. (…) é nosso entender que não há falta de área já convertida para a expansão agrícola brasileira, portanto não é verdadeira a dicotomia da preservação versus produção de alimentos”.

Segundo pesquisa ressente, os entraves não se devem a restrições impostas pelo Código Florestal ou de outra forma de conservação de vegetação natural, mas, sim, aos seguintes fatores:

- Enorme desigualdade na distribuição de terras;

- Restrição de crédito agrícola ao agricultor que produz alimentos de consumo direto;

- Falta de assistência técnica que o ajude a aumentar a produtividade;

- Falta de investimentos em infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção agrícola;

- Pouca ênfase da pesquisa dos setores públicos e privados no aumento da produtividade de itens alimentares importantes para o mercado nacional;

- Direcionamento dos investimentos e pesquisas para o modelo industrial da produção agrícola desconsiderando a importância da pequena agricultura tradicional em questões de segurança alimentar, geração e distribuição de renda e ocupações.


“ São esses os verdadeiros entraves para a produção de alimentos no Brasil. (…) O Brasil tem área suficiente para preservação de nosso patrimônio biológico e para também continuar aumentando a produção de alimentos para o consumo interno e exportações”.


Fonte: Carta Maior

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