segunda-feira, 20 de junho de 2011
Filosofia no boteco: # 15 - Anarquismo
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Desembargador do TJ/SP dá verdadeira aula de humanismo

Enviado por Fernando Nabi
É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro - que nem existe mais - num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina. Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é. O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante.
Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres. Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia d'água, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou.
Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos... Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir. Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal. É como marceneiro que voto. José Luiz Palma Bisson - relator sorteado"
domingo, 12 de junho de 2011
Galeano, os jovens espanhóis e o segredo da vitamina E
Video: acampadaBCN pl catalunya
O escritor uruguaio Eduardo Galeano aparece de surpresa na Praça Catalunha, em Barcelona, onde jovens estão acampados desde Maio, numa manifestação que parece se espalhar aos poucos pela Europa e o mundo (estou sendo muito otimista?). Um dos jovens manifestantes liga a câmera, faz uma pergunta e Galeano, inspiradíssimo, nos conta o segredo da “vitamina E”, de Entusiasmo, e tudo mais que precisamos ouvir nesses tempos de intolerância, políticos pilantras, intelectuais oportunistas e mau-humorados crônicos.
Sugiro: ouça com o coração tranquilo, sem se obrigar a buscar quem “tem razão”. Afinal, segundo Galeano, citando Goya: “a razão gera monstros”. Não os alimente. Apenas sinta o drama e a delícia de estar vivo na Praça Catalunia, onde jovens espanhóis acampados desde Maio provocam outros jovens do mundo inteiro a repensar o nosso papel na política, nas artes e na vida.
Viva Eduardo Galeano!
Fonte:http://blogdotas.terra.com.br/2011/06/08/galeano-o-segredo-da-vitamina-e/
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Novo Código Florestal e a falsa dicotomia
Um dos principais argumentos em defesa do novo código florestal reproduz a velha tendência de reduzir os fatos a dicotomias. Uma coisa é branca ou é preta, se você não está comigo, então está com meus inimigos. Tratando do meio ambiente, os defensores do código estabeleceram uma lógica que procura estabelecer uma relação de incompatibilidade e extrema exclusão. Segundo essa lógica ou se cultiva ou se preserva o meio ambiente. Consequentemente ,segundo a visão do agronegócio, essa coisa de preservação do meio ambiente é um entrave ao desenvolvimento do país. O Brasil precisa exportar mais produtos agrículas. O que acontece é que podemos sim manter o equilíbrio e a harmonia entre biomas ecológicos e biomas produtivos.
Para os estudiosos do assunto, "Os maiores entraves para a produção de alimentos no Brasil não se devem às restrições impostas pelo Código mas sim a fatores como desigualdade na distribuição de terras, restrição ao crédito, falta de assistência técnica, investimentos em infraestrutura e pesquisas voltadas para a segurança alimentar do país. (…) é nosso entender que não há falta de área já convertida para a expansão agrícola brasileira, portanto não é verdadeira a dicotomia da preservação versus produção de alimentos”.
Segundo pesquisa ressente, os entraves não se devem a restrições impostas pelo Código Florestal ou de outra forma de conservação de vegetação natural, mas, sim, aos seguintes fatores:
- Enorme desigualdade na distribuição de terras;
- Restrição de crédito agrícola ao agricultor que produz alimentos de consumo direto;
- Falta de assistência técnica que o ajude a aumentar a produtividade;
- Falta de investimentos em infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção agrícola;
- Pouca ênfase da pesquisa dos setores públicos e privados no aumento da produtividade de itens alimentares importantes para o mercado nacional;
- Direcionamento dos investimentos e pesquisas para o modelo industrial da produção agrícola desconsiderando a importância da pequena agricultura tradicional em questões de segurança alimentar, geração e distribuição de renda e ocupações.
“ São esses os verdadeiros entraves para a produção de alimentos no Brasil. (…) O Brasil tem área suficiente para preservação de nosso patrimônio biológico e para também continuar aumentando a produção de alimentos para o consumo interno e exportações”.
Fonte: Carta Maior